segunda-feira, 4 de março de 2013

Infância

Era somente mais um dia de domingo ensolarado no parque, o lençol forrado na grama, os tênis e as meias ao redor da árvore que fazia a sombra, crianças e jovens se divertindo. Seria mais um dia normal se não fosse uma coisa, uma criança que fez daquele momento uma grande reflexão.

Ele estava somente tentando andar de skate, devia ter uns cinco anos apenas. Caia muitas vezes, esbraveja em algumas delas, mas sempre continuava a tentar. Para nós meros mortais que temos medo de tudo de arriscar de sentir realmente algo, aquilo parecia engraçado mas aquela criança ainda não foi engessada pelo medo, pelas regras empregadas pela sociedade, não foi ao menos desestimulada pelo sistema, ela estava apenas tentando.

Acho que nunca deveríamos perder isso que a infância tem e que é tão valioso nessa fase não temos medo de nos machucar apenas tentamos cada vez mais.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Carta ao Fim do Mundo

Chove forte na grande cidade, raios caem e ressoam seus trovões constantemente. Estamos a dez dias do novo ano e também no dia marcado para que o mundo acabe – pelo menos é o que prevê o calendário Maia, hoje é o último dia de nossa existência.

Sentado, de frente a janela do 17° andar de frente a marginal, vendo carros e ônibus cortando a chuva, musica de elevador tocando ao fundo, um bom jazz por sinal, maioria dos funcionários já se despedindo desejando boas festas uns aos outros.

Querendo ou não, hoje 21/12 se encerra um ciclo a próxima semana do ano já não será como as outras que a antecederam, realmente o último dia útil do ano. A partir de agora começamos as nos planejar de novo, planos e sonhos a serem concretizados. Coisas que deixamos de fazer, outras que estamos por concluir e etc...

Espero que seja realmente o fim do mundo. O ato final de um mundo onde honestidade custa caro, o pensamento esta desvalorizado, idéias não são mais discutidas, onde bens são mais importantes do que valores, onde transformações não são aceitas. O fim de uma humanidade lobotomizada, programática, quadrada.

E que nesse novo ciclo de vida que começa como prega a cultura maia, possamos renascer mais autocríticos do que críticos, mais agentes do que somente observadores. E que notemos a necessidade de revisar algumas idéias anacrônicas da sociedade.

Em fim, um ótimo fim do mundo e um perfeito começo de um novo.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Remetente: Consciência

Insegurança, angústia, coisas inúteis que somente me fazem sofrer por algo que pode nunca acontecer. Não queria sentir nenhum desses sentimentos, mas que pena que eu sou somente um ser humano ordinário vulnerável a todas essas coisas melosas, inúteis que só atrapalham.

É péssimo esse sentimento, que veio crescendo de uns dias pra cá, e eu tolo como sempre somente deixei que ele crescesse, o alimentei mesmo que sem querer.

Quero que isso passe, mas pra isso quero você aqui, por horas acho que não sou o suficiente para você, mas é tudo que eu quero ser, nada além do suficiente, tenho medo que me cobre mais que isso.

Sei de minhas limitações e minhas capacidades. Mas por agora, permita que eu seja somente o suficiente. Nessa nova fase eu ainda não sei jogar, tenho tropeçado muito em várias pedras ao invés de removê-las. Só peço isso me permita ser somente o suficiente.

Att,

Consciência

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Aquilo que podemos escolher

Dizem que amigos são a família que nós podemos escolher. Sendo assim segue abaixo uma pequena discrição de cada membro da família.

Amigo irmão: Aquele que esta sempre te apoiando mesmo sabendo que vai dar merda, afinal mesmo te amando ele gosta de ver você se ferrar.

Amigo “vó”: Sempre fazendo todas nossas as vontades e nos apoiando quando estamos errados, às vezes brigam, os achamos caretas, mas não tem como não amá-los, sempre têm os melhores conselhos.

Amigo pai/mãe: Os mandões, “faça isso”, “faça aquilo”, “você não vai fazer isso”, são o que mais ouvimos deles, além de alguns conselhos, esses sempre deixados de lado, mas só fazem isso por que nos amam.

Amigo tio/tia: Aparece de vez em quando, mas não deixa de ser indispensável na nossa vida.

Amigo primo/prima: Aqueles super inconvenientes, porém são com eles as melhores risadas.

E a todos aqueles que estão ao meu lado, que fazem do meu dia a dia algo mais interessante. Até mesmo a todos aqueles que pelo acaso ou pelo destino de nossas vidas hoje está longe, e também para aqueles outros que passaram pela minha vida e mesmo que não nos falamos mais hoje fazem parte da minha história. Um excelente Dia do Amigo.

domingo, 24 de junho de 2012

Tia Esperança

“Aprendendo mais uma vez, mais uma oportunidade de fazer as coisas darem certo”, foi a primeira coisa que ele pensou quando estava a escrever uma carta para sua velha tia do interior. Mais uma nova historia que começava no livro de sua vida.

Assustado, acanhado, sem saber exatamente o que fazer e como fazer, era tudo que podia sentir além do prazer de estar naquela situação toda. Não confessava a ninguém, mas adorava viver assim, essa sensação de nada poder dar certo é o que o movia e que lhe dava vontade de fazer tudo aquilo ainda mais real, palpável.

“Se dessa vez for para dar tudo errado de novo, pelo menos tive forças para tentar novamente”, com essas palavras e com os olhos lagrimejando, pois por alguns instantes toda aquela memória suja do seu passado triste tomou conta do seu ser enquanto tentava finalizar a carta com as boas novas para aquela que sempre esteve lá para reerguê-lo, a tia Esperança.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Reencontro

“Ando meio perdido, me perdi de mim. De tanto querer fugir de quem sou não me encontro mais.” Com isso ele assinava ao bilhete que deixara na porta do freezer antes de sair de casa, na noite que geava daquele novembro sombrio.

Pela manha sua companheira mal sentiu sua falta na cama, havia muito tempo que ela já não o notava, não o sentia como antes, se tornaram estranhos em um mesmo teto. Acariciou seu gato, o alimentou, abriu a janela, admirou o cinza do viaduto que passa logo a frente de sua sacada, inspirou profundamente aquele ar de poluição e procurou seus cigarros.

Ele havia saído umas duas ou três horas antes sem fazer barulho, também acariciou seu gato, procurou qualquer coisa em que pudesse levar umas mudas de roupas e alguns pacotes de bolacha, também admirou o cinza do viaduto que passa logo abaixo de sua sacada pelas cortinas velhas e empoeiradas, e suspirou lendo mais uma vez o bilhete que havia escrito para ela. Apanhou seu violão mais uma vez acariciou o gato que estava em suas pernas. Fechou a porta.

Ela, foi agora tomar seu café, ligou a cafeteira, pegou a xícara no armário, havia um saco de pão do dia anterior e algumas bolachas em um pote. Sentou-se na poltrona a frente da janela, agora com as cortinas abertas. Abraçando as pernas com a mesma mão que segura seu cigarro olhava o horizonte, como quem esta a procura de algo enquanto tomava a seu café amargo, como é de seu gosto.

Ele já esta com fome novamente, as bolachas que havia pegado não foram o suficiente.

Ela, algum tempo depois sentiu falta de algo, foi ao banheiro, depois ao quarto, naquela manha ela não tinha escutado aquele “bom dia” com um tom de desculpas, que ela ignorava, não tinha ouvido o “ainda de te amo”, que sempre a comovia, mas não apaga a dor que ainda sentia.

Ele, ainda não havia proliferado uma palavra se quer naquela manhã fria de sol. Mas não a tirava de seu pensamento.

Ela voltou à cozinha, foi a geladeira beber água e ver o que podia ser seu almoço, ficou ali parada alguns instantes, olhando o vazio, sentindo o ar gelado, por um momento pensou que ali poderia ser o reflexo de si mesma, de como se sentia.

Ele parado em frente a uma praça cheia de mendigos, todos deitados, sem motivação, sem sonhos, sem mais desculpas. Pensou que era assim que se sentia. Perdido, sem mais o que fazer, sem mais pelo que sonhar. Correu o mais rápido que pode tentando mais uma vez fugir de si mesmo, ou talvez se encontrar em algo, ou algum lugar que o tivesse perdido, e toda vez que tentava pensar nesse lugar pensava cada vez mais nela, e todas as respostas que encontrava era ela.

Decidiu voltar pra casa, enquanto voltava não sabia se era certo, não sabia se queria somente que era ali onde se sentia mais perdido o lugar onde também poderia de encontrar. Não quis esperar o elevador subiu os sete andares pela escada, largou a mochila com algumas roupas, e seu violão na porta que estava apenas encostada e a viu olhando para o bilhete escrito no papel amarelo com caneta azul escura, o fitava sem piscar, como se houvesse ali, mais coisas do que somente um bilhete. Após alguns instantes, fechou a porta de geladeira, sentou a mesa da cozinha de frente ao bilhete que lera, e murmurou baixinho, “bom dia, também te amo querido”.

Escutando isso fechou a porta, tomou de volta o violão e a mochila e foi dar uma volta com um sorriso em seu rosto, agora ele havia se encontrado.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Cansei de mim

Hoje eu acordei mais destemido do que ontem, menos covarde, com mais vontade de fazer certas coisas que já poderiam ter sido feitas, porém pelo advento da preguiça e da falta de vontade própria foram ficando cada vez mais em segundo plano. Deixei de dar o meu melhor em varias coisas por mero comodismo e aceitação de situações que não são comuns e nem frequentes, me prende na forma de um ser fraco.

Mas hoje não, hoje volto a ser aquele jovem sem medo dos tapas que a vida pode me dar, voltei a ter vontades e quero realizá-las, não vão ficar mais somente no desejo. Pelo menos vou tentar, cansei de me entregar facilmente as dificuldades cotidianas, me render a elas me tornou algo que nunca fui.

A partir de hoje.... Quero mudar muitas coisas.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Coisas Passadas

Noite de chuva, mais uma vez não consigo dormir com meu coração inquieto e minha mente agitada. Tentando resolver problemas que ainda nem existem e também nunca venham a existir. Uma sensação horrível, uma agonia estranha que não sei bem de onde veio, mas sei que chegou e esta incomodando.

Sinto falta de algo que nunca tive, e de algumas coisas que tive e não soube aproveitar. Algumas delas eu desprezo. Outras nostalgias vêm me incomodar neste momento.

Por que tudo isso me ocorre em noites como esta? Para alguns, muitos, elas são ótimas para dormir, ficar junto com alguém, etc., para mim toda essa melancolia dos pingos no telhado, no asfalto e nos vidros da janela me fazem assim um refectivo melancólico de coisas passadas e futuras.

domingo, 29 de abril de 2012

Sem Saber

Essa paixão errada, como é possível? Como aquilo era possível, ele se perguntava enquanto a mãe abanava a fumaça do cigarro que o pai fumava ao ler seu jornal.

Mais um fim de semana vazio com saudades daquela que com um beijo roubou sua atenção com um abraço tomou seu mundo e com seu olhar o mergulhou em um mar tranquilo na sua tormenta. - Não sei explicar bem o que acontece entre ela e eu, somos tão distantes, mas mesmo assim, às vezes me sinto tão próximo a ela a sua essência. Não nos vemos com muita frequência confesso às vezes nem mesmo saudades tenho, mas sim necessidade da sua presença ao meu lado. Sentir seu cheiro, ouvir sua voz, tocar sua pele.

É estranho pensar em um (pseudo) casal assim, até pra quem faz parte do mesmo. Mais estranho ainda é estar com alguém e não saber o que aquela pessoa é sua, amiga? Ficante? Namorada? Rolo? Ou só mais um caso? Essa última não é bem o que eu quero agora. – A mãe se levanta e continua abanando a fumaça. O pai fecha o jornal e pergunta “a que horas começa o jogo?”.

O filho se levanta acena com a cabeça com uma negativa de não saber bem do que se trata e vai para o quarto, ainda sem saber a resposta - porta batendo.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Cresci, será?

A vida é uma contradição, é transitória, truculenta e vários outros adjetivos. Mas este não é o assunto deste texto, achei legal colocar isso na primeira frase, acho que resume o que eu quero falar. Queria ser mais do que sou, mais adulto, mais responsável, menos brincalhão, todas essas qualidades que as pessoas grandes dizem que são boas ou ruins quando nos tornamos adultos. Bom isso já passou realmente pela minha cabeça, deixar tudo o que sou para me tornar alguém que queiram que eu seja. Mais realmente, não, não vou negar a mim mesmo para agradar uma minoria, sim os considero uma minoria.

Sou brincalhão, dou risada de coisas bobas, brinco com as crianças, faço piadas sem graça, chego a agir como uma criança, eu nunca vou deixar morrer aquele menino de dez anos que de vez em tempos retorna e limpa meu olhar sobre o mundo em que vivo.

Mas também sei ser maduro e sério em algumas situações. Pra falar a verdade quem acha que depois de certa idade temos que ser sérios, não podemos mais fazer certas coisas que são “coisas de criança”, mas quem disse que isso ou aquilo é coisa de criança ou não, por que eu não posso brincar mais de dar cambalhota, é ridículo, mas o que seria da vida sem o ridículo, faz parte.

Eu gosto de ser assim, criança, me faz bem, me tira um pouco dessa realidade adulta que é chata, o mundo da criança é muito mais interessante. Eu aproveitei muito a minha infância, não tenho do que reclamar, mas sempre que tenho a oportunidade, e mesmo que não tenha eu arrumo uma.